quarta-feira, 29 de julho de 2009

Texto 5


Com esta postagem pretendo evidenciar minhas considerações sobre o texto 5- Os Problemas Cognitivos envolvidos na construção da Representação escrita da Linguagem a Interpretação da Escrita antes da leitura Convencional, ambos de Emília Ferreiro. Textos estes bastante abrangentes e ricos que proporcionaram boa discussão em sala de aula e principalmente nos esclareceu sobre as etapas em que se organiza a alfabetização.

A autora se inspira na teora de Piaget para sua pesquisa sobre leitura e escrita, porém não se limitando a descrição de níveis sucessivos de organização mas tomando como pressuposto a pergunta fundamental que guiou suas investigações epistemológicas e psicológicas: como se passa de um estado de menos conhecimento a um estado de maior conhecimento?


A melhor maneira de responder essa pergunta é identificar diruante o processo de desenvolvimento da leitura e escrita: a relação entre o todo e as partes que é objeto de estudo do texto. Ao considerarmos que a leitura e a escrita são objetos fundamentais e que se constituem a partir da sociedade que nos cerca, podemos compreender que a criança passa por muitas fases antes de chegar a representação alabética, tanto da leitura quanto da escrita, e o que na maioria das vezes o que nos parecem letras aleatórias sem significados, poderemos perceber a partir de uma análise cuidadosa, que muita destas mesmas letras fazem sentido. Por isso é importante o professor em questão conhecer previamente estas fases a fim de contribuir efetivamente para a evolução do aluno.


Durante o processo de alfabetização, a criança passa por alguns problemas de classificação quando procura compreender a representação escrita. Primeiramente ela encontra certa dificuldade na distinção entre números e letras, uma vez que, esses são representados graficamentes por símbolos semelhantes, porém uns chamados de letras e outros de números. Um pouco mais tarde quando essa distinção já é feita , nota-se outros problemas de classificação quanto a equivalência de diferentes formas graficas que recebem a mesma denominação e também há problemas de classificação envolvidos na distinção dos objetos que possuem diferentes tipos de textos significativos e estão inseridos em situações contextuais distintas.


A principal problemática que a criança passa durante esse processo é a relação entre o todo e as partes, esse conflita se torna visível quando a criança entende que a escrita é composta de partes e ainda quando ela domina a "hipótese da quantidade mínima" conceito este que se refere quando a criança utiliza-se de determinados símbolos/letras para representar tal figura/objeto, explicitando-se mais claramente quando a criança transcree uma palavra do singular para o plural,ou seja, ela tende a repetir o símbolo/letra utilizado na representação no singular de acordo com o número de objetos que ela pretende representar no plural.


Ex.: BOLA- BOA

BOLAS (3)- BOAOABBOA

Outra fator de grande relevância abordado no texto, seria a questão da tematização, abordada por Jean Piaget. A tematização é um conceito importantíssimo que está implícito no processo de desenvolvimento da criança, como no processo de aquisição e conhecimento de cada indivíduo, uma vez que a tematização se dá a partir de quando uma informação é apresentada e o indivíduo apropria-se desta tornando-se um conhecimento que será utilizado posteriormente no cotidiano, por meio de associações, citações, lembranças, etc.

Como exemplo cito uma experiência que tive com um aluno de 7 anos no meu estágio, durante uma aula foi apresentado a ele as figuras geométricas e numa aula posterior levamos o tabuleiro de damas a fim de ilustrar algumas formas geométricas e apresentar o jogo para os alunos, foi quando este aluno antes mesmo de iniciar a aula identificou que o tabuleiro de damas é formado por quadrados e pediu ajuda para contar quantos quadrados possuem o tabuleiro.Visto isso, pude perceber que o aluno tematizou tal assunto. A tematização acontece com nós alunos universitários o tempo inteiro, quando lemos um texto e depois o citamos em outras disciplinas e trabalhos quando sentimos necessidade.


Na construção da construção das hipóteses da escrita a criança passa por três fases maiores que são:

  • fase pré silábica
  • fase silábica
  • fase alfabética
A fase pré silábica compreende quando a criança identifica algumas vogais, mas não faz correspondência entre a letra e o fonema. As crianças de 4/5 estão geralmente passando por essa fase e normalmente utilizam as letras do seu nome que são as que mais conhecem para escrever quaisquer palavras.
Já na hipótese que sucede a pré silábica a criança identifica algumas sílabas, geralmente utilizando as letras aleatoriamente para representar cada sílaba, mas com o desenvolvimento do processo de alfabetização a criança começa a atribuir um valor fanético correto a cada sílaba, dando ênfase ora nas vogais ora nas consoantes. Quando ela atinge o domínio da fase silábica e consegue assimilar todos seus esquemas, ela chega a fase alfabética.

É importante focar nas interpretações das crianças acerca dos diversos textos escritos aos quais ela se depara durante o processo de alfabetização e aquisição de leitura, sem esquecer que este processo acontece de forma distinta e não coordenada. A idéia inicial da criança é que o texto está sempre relacionado ao nome do objeto,isso torna-se claro em sala de aula por exemplo quando colocamos figuras e seus respectivos nomes em baixo para que os alunos façam a leitura,e com isto todos conseguem identificar , porém quando tiramos as figuras e pedimos que realizem a leitura, a maioria demonstra muita difuldade e outros utilizam-se da leitura memorial que é a identificação ou leitura de algumas palavras após a leitura de poemas, histórias, etc. Torna-se notável então que para a criança o signicado do texto escrito é totalmente dependente do contexto ao qual ele esteja inserido. Essa hipótese é conhecida como a "hipótese do nome" e a criança fará diferentes relações entre o texto e contexto, tais como:



  • o texto escrito depende inteiramente do contexto, na qual havendo mudanças no contexto o texto também muda e se a criança não conseguir interpretar o contexto, também não haverá interpretação para o texto;
  • se inicialmente houver uma relação entre o contexto e o texto, a interpretação do texto poderá ser mantida, ainda que o contexto seja modificado, por exemplo: mostra-se afigura de um elefante e coloca-se uma palavra ao lado, a criança dirá que ali está escrito "ELEFANTE", mas se levarmos a mesma palavra para colocar ao lado da figura de uma girafa, ela continuará afirmando que ali está escrito "ELEFANTE". Mas isso, ocorre num curto intervalo de tempo, pois se demorarmos a levar a palavra que representa "ELEFANTE" para próximo da girafa, a criança provavelmente dará um novo significado a mesma palavra;
  • as propriedades, principalmente as quantitativas do texto(quantidades de linhas, de palvaras escritas, de letras da palavra) passam a ser levadas em consideração e modulam as interpretações que são dadas ao texto, que ainda são dependentes do contexto.

A criança após considerar as qualidades quantitativas do texto, ela avança e passa a considerar as qualidades qualitativas, essas considerações se alternam ao longo do processo e com estas tentativas de coordenação destas considerações a criança chega à aquisição da leitura convencional.
Nós como educadores devemos procurar entender a lógica existente em cada fase e novas descobertas das crianças, a fim de facilitarmos com a nossa prática pedagógica o alcance da plenitude deste processo.
Para quem se queira se aprofundar mais no assunto:

http://www.centrorefeducacional.com.br/contribu.html

http://www.centrorefeducacional.com.br/psicogen.htm

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